"Ela teve um último ano muito ruim. Certo, ela faz essas coisas de pagar a própria conta e mandar recados ousados a desconhecidos, mas no fim ela sempre se ferra. Na boa, telefona pra ela. Ela vai ficar feliz, e você também vai, pode apostar. É uma ótima garota."
Gabito Nunes
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
domingo, 30 de dezembro de 2012
"Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA..."
Esperança, Mário Quintana
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA..."
Esperança, Mário Quintana
"Se for pra fazer guerra, que seja de travesseiro. Se for pra ter solidão, que seja no chuveiro. Se for pra perder, que seja o medo. Se for pra mentir, que seja a idade. Se for pra matar, que seja a saudade. Se for pra ser feliz, que seja o tempo todo. Se for pra morrer, que seja de amor. Se for pra tirar de alguém, que seja a sua dor. Se for pra ir embora, que seja a tristeza. Se for pra ferir, que seja sem querer. Se for pra chorar um dia, que seja de alegria. Se for pra cair, que seja na folia. Se for pra bater, que seja um bolo. Se for pra roubar, que seja um beijo. Se for pra matar, que seja de desejo. Se for pra viver, que seja, pra ficar pra sempre com você."
sábado, 29 de dezembro de 2012
"Ela estava com aquele gosto amargo de sal no fundo da garganta de novo, o gosto de lágrimas. Tinha segurado o choro por dois dias e podia sentir a maré chegando. De uma hora para outra poderia, podia começar a soluçar, e não seria capaz de parar. [...] Ela pediu outra xícara de café e colocou quatro colheres, mexendo e remexendo, como se tentasse abrir um buraco na xícara, no pires, na mesa e no chão, entocando-se em alguma tumba do faraó onde podia chorar o quanto quisesse e ninguém iria encontrá-la."
Gossip Girl
Gossip Girl
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
"Bebi silêncio a semana inteira que passou, eu fico aqui escondido, ninguém precisa saber que aqui estou, afinal eu não costumo atrair ninguém, sou o cara no canto do bar, da barba mal feita, da cara mal encarada, que se senta sempre com a solidão, e com ela fica de mãos dadas, eu não sou Hohner, não sou um galanteador, disso só tenho a parte da 'dor', mas por favor, me deixa ser o que de fato sou, todos precisam de um lado triste, uns guardam, outros fingem que não existe, mas eu me sinto sufocado, vendo todos os outros que moram comigo vivendo livres e eu isolado, e eu escondido, diria até que um pouco arrependido, de nunca ter tomado um lugar, de nunca ter te dito. Eu já te olhei nos olhos, mas não quis deixar que notasse quem era eu, esse poema mal feito era pra ser pra qualquer um ler, mas você deve ser a única que o entendeu, não me ajude, eu sou isso que você vê aqui, eu só quero ficar hoje, logo mais devo partir, vou me esconder novamente, creio que não haverá proximidade entre a gente, mas sempre que der eu venho e te encaro novamente."
-M. Hohner (Pseudônimo de.. Saberá quem é.)
-M. Hohner (Pseudônimo de.. Saberá quem é.)
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
"Tu não sabes quem eu sou, mas eu sei quem tu és... e só preciso de um minuto da tua atenção. Espero que saibas a sorte que tens. O quanto eu gostaria de estar na tua pele, poder estar na mesma cama que ela todas as manhãs. Ajudá-la a acordar da mal disposição matinal... Espero que saibas que ela não te vai falar enquanto não lavar os dentes. Não é por mal, é por medo de perder o encanto aos teus olhos.
Que a consideres um ser humano comum. Espero que saibas que ela gosta de aproveitar cada raio de sol, e que o café a deixa mal disposta. Que escolhe a roupa que vai vestir na noite anterior, só para poder ter mais cinco minutos de sono pela manhã. Que o despertador toca cinquenta vezes até que se levante, e que mesmo assim, consegue chegar na hora. Quero também dizer-te que ela adora histórias do fantástico, mas não de terror! Que é capaz de saber o nome de todos os personagens de um livro antigo, mas que não vai se esforçar para decorar o nome de todos os teus amigos à primeira, porque ela...ela é que sabe de si. Tu nunca serás uma sorte para ela. Sorte é poderes tê-la na tua vida. Sabes, ela não é uma romântica por natureza, mas uma demonstração espontânea da tua parte vai fazê-la fraquejar. Porque ela é segura e doce ao mesmo tempo. Ela não sabe cozinhar, mas vai esforçar-se para fazer o teu prato preferido e se não estiver bom, ela vai rir-se do falhanço, em vez de corar. E quando ela ri...quando ela ri eu tenho vontade de chorar. Não de tristeza, mas poque cada gargalhada é como uma nota musical, que toca ao coração e me faz querer dançar. Ela é tudo o que eu queria e nunca soube que tive. Aprende que a arritmia que sentes com ela é normal e que a falta dela é um vazio igual à morte.
Espero que seja tudo aquilo que eu nunca fui. Espero que a trates bem. Porque se lhe partires o coração vais perdê-la para sempre. Pudesse eu ter lido o futuro..."
Ana Luisa Bairos, Joana Pacheco. Vídeo "Só de mim"
Que a consideres um ser humano comum. Espero que saibas que ela gosta de aproveitar cada raio de sol, e que o café a deixa mal disposta. Que escolhe a roupa que vai vestir na noite anterior, só para poder ter mais cinco minutos de sono pela manhã. Que o despertador toca cinquenta vezes até que se levante, e que mesmo assim, consegue chegar na hora. Quero também dizer-te que ela adora histórias do fantástico, mas não de terror! Que é capaz de saber o nome de todos os personagens de um livro antigo, mas que não vai se esforçar para decorar o nome de todos os teus amigos à primeira, porque ela...ela é que sabe de si. Tu nunca serás uma sorte para ela. Sorte é poderes tê-la na tua vida. Sabes, ela não é uma romântica por natureza, mas uma demonstração espontânea da tua parte vai fazê-la fraquejar. Porque ela é segura e doce ao mesmo tempo. Ela não sabe cozinhar, mas vai esforçar-se para fazer o teu prato preferido e se não estiver bom, ela vai rir-se do falhanço, em vez de corar. E quando ela ri...quando ela ri eu tenho vontade de chorar. Não de tristeza, mas poque cada gargalhada é como uma nota musical, que toca ao coração e me faz querer dançar. Ela é tudo o que eu queria e nunca soube que tive. Aprende que a arritmia que sentes com ela é normal e que a falta dela é um vazio igual à morte.
Espero que seja tudo aquilo que eu nunca fui. Espero que a trates bem. Porque se lhe partires o coração vais perdê-la para sempre. Pudesse eu ter lido o futuro..."
Ana Luisa Bairos, Joana Pacheco. Vídeo "Só de mim"
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
sábado, 15 de dezembro de 2012
“Alegria, alegria. Foi o que o DJ gritou, bem na hora que ele se aproximou para dançar comigo. Sim, ele era encrenca, das boas. Das boas? Alegria, alegria. Mais um copo de champanhe pra mim, mais outro de whisky pra ele. Alegria, alegria. Das boas deve ser uma com esse homem. Encrenca. Alegria, alegria. Eu estava assim, ele também. Que se dane o resto. O DJ, que comandava a festa, tinha mandado. Eu sabia o que estava fazendo, ele também: estávamos fazendo uma coisa errada. Alegria, alegria. Que tontura boa, vou me agarrar nele. Mas é só pra não cair, que desculpa boa. Boa? Eu estava me sentindo assim. Alegria, alegria. (…)”
Tati Bernardi
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
"Tinha aquela cara de moça sabida, forte, cheia de sí, um pouco metida até. Mas por dentro era uma verdadeira maria-mole. Se magoava fácil, sorria fácil, chorava fácil. Só não era fácil de entender. Era misteriosa, impenetrável, intimidadora. Poucos a conheciam de verdade, poucos sabiam quem era. Usava uma armadura de proteção. Era meio complexa. Tinha medo de se machucar."
"Eu venho gostando muito de você nesses últimos dias. E quando eu digo gostando, não é aquele tipo de gente que apenas vive pensando em certo alguém. Com você é diferente. Eu sinto isso. Te enxergo nas coisas mais bizarras e te cultivo nas coisas mais insanas da vida. É diferente, eu sei disso. Eu sinto isso."
“Sensível pra cacete, maldosa na mesma intensidade, feliz de andar cantando e depressiva de nunca achar que uma janela é só uma janela. E cheia de manias bem estranhas… Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim?”
Tati Bernardi
Tati Bernardi
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
“Pense nas tartarugas marinhas, pequenas e frágeis, ao abandonar o ninho. Quem foi que lhes ensinou a nadar? Quem foi que lhes disse para seguir o horizonte? Elas caminham apressadas, atropelando-se, tontas sem nunca ter usado as nadadeiras, sem nunca ter visto o mundo fora do ovo. Correm em busca da tal luz entre o céu e o mar, até que a primeira onda as atinja. E nadam. São jogadas ao mar, assim, pela natureza, pelo Criador, sem instrução alguma. Ninguém lhes contou “Olha, o mar é aquele monte de água, que de dia é azul e de noite é cinza”. São jogadas nas ondas quando ainda mal abriram os olhos e mal sabem por onde estão entrando. E nadam. Contra ou à favor da corrente, mas nadam. Deus te põe no mar e você aprende. Ninguém te diz “Olha, vai chegar um dia em que você passará por aquilo que chamam de decepção, fique longe disso.” Ninguém te dá uma pista sequer de que diabos é o tal mar, de que linha você deve seguir. Não te dizem “Vai por aqui, ali tem predador”. Vem a primeira onda e você tem que pular porque ainda é muito longe do horizonte. E talvez nunca chegaremos nele, por mais ondas que possamos passar, por mais que a gente estique as nadadeiras. Mas ele é aquilo que nos faz prosseguir. Todos temos um propósito, e é por ele que continuamos a nadar. Na vida, ou você se vira ou morre na praia.”
sábado, 8 de dezembro de 2012
"Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovakloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - Pai, me ajuda a olhar!"
"- Vai pensar em nosso acordo enquanto estiver fora? - pergunta.
- Vou.
- Vai sentir minha falta?
Olho para ele, surpresa com a pergunta.
- Vou - respondo sinceramente.
Como ele pode significar tanto para mim em tão pouco tempo? Ele realmente mexe comigo...literalmente. Ele sorri, e seus olhos se iluminam.
- Também vou sentir sua falta. Mais do que você imagina - murmura.
Essas palavras aquecem meu coração. Christian realmente está se esforçando. Acaricia meu rosto, inclina-se e me dá um beijo doce."
- Vou.
- Vai sentir minha falta?
Olho para ele, surpresa com a pergunta.
- Vou - respondo sinceramente.
Como ele pode significar tanto para mim em tão pouco tempo? Ele realmente mexe comigo...literalmente. Ele sorri, e seus olhos se iluminam.
- Também vou sentir sua falta. Mais do que você imagina - murmura.
Essas palavras aquecem meu coração. Christian realmente está se esforçando. Acaricia meu rosto, inclina-se e me dá um beijo doce."
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
"Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curdo que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein."
Oscar Niemeyer
Oscar Niemeyer
"Sempre que viajava de carro para Brasília, minha distração era olhar para as nuvens do céu. Quantas coisas inesperadas elas sugerem! Às vezes são catedrais enormes e misteriosas - as catedrais de Exupéry com certeza. Outras, guerreiros terríveis, carros romanos a cavalgarem pelos ares. Outras, ainda, monstros desconhecidos a correrem pelos ventos em louca disparada e, mais freqüentemente, lindas e vaporosas mulheres recostadas nas nuvens, a sorrirem para mim dos espaços infinitos."
Oscar Niemeyer
Oscar Niemeyer
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
"E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio da noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares,que apesar dos pesares
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você."
Vinícius de Moraes
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio da noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares,que apesar dos pesares
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você."
Vinícius de Moraes
"Tenho a teoria de que quando eu tava sendo gerada, minha mãe comeu alguma coisa muito ruim, mas muito ruim mesmo (tipo uva passa).
Talvez isso explique esse pessimismo e esse amargo que eu tenho pra vida.
Desde criança eu sempre espero o pior (até quando espero o melhor). Nunca acreditei nesse negócio de "vai passar", até porque pra mim a única coisa que passa é o ferro de passar roupa.
Sempre me senti deslocada, como se eu não pertencesse a lugar nenhum. Como se o meu corpo fosse uma daquelas roupas desconfortáveis que somos obrigados a usar em algumas cerimonias (tipo bodas de ouro da nossa tia-avó). Só que eu não podia tirar essa roupa quando chegasse em casa.
Passei a maior parte da vida tropeçando nas pessoas, nos lugares, nas calçadas, em mim mesma.
De alguma forma, talvez eu estivesse sendo preparada pra alguma coisa. Talvez eu estivesse sendo preparada pra lidar com alguma experiência super traumática, do tipo ser assassinada pela minha mãe.
Mas com o passar do tempo, percebi que não era nada disso. Que não era nada de nada, na verdade.
Acho que percebi isso quando você tropeçou em mim. Repetindo, não fui eu que tropecei em você. VOCÊ tropeçou em MIM.
E derramou café na minha blusa preferida.
E quando for limpar, acabou rasgando um pedaço.
Depois descobri que isso foi um acontecimento muito raro, que você não fazia esse tipo de coisa. Tropeçar? Só se fosse em uma nota de cem reais.
Acho que eu fui sua nota de cem reais.
Enfim, sem enrolação, só queria dizer que mesmo que o tempo tenha feito nós dois tropeçarmos em direções diferentes, eu me sinto feliz por você ter derramado café em mim.
Café com uva passa parece ser uma combinação muito grotesca, mas essa deu certo.
E então eu entendi. Entendi o que eu estava esperando entender.
Entendi que eu não tô sendo preparada pra nada, que a minha mãe não vai me assassinar, que não sou a ovelha negra do mundo, que não preciso andar com uma placa na testa com os dizeres "NÃO ALIMENTE. CUIDADO".
Entendi que a vida pode ser doce e que algumas pessoas amam uva passa (sério).
E entendi que se as coisas estiverem muito amargas, é só esperar um pouco que alguém vai acabar derramando café na sua blusa preferida. Alguém vai acabar te encontrando na rua, te colocando no bolso e te levando pra casa.
Talvez fazer uma farofa.
Mas peraí.
Com ou sem uva passa?"
nádia @unsigned_
Talvez isso explique esse pessimismo e esse amargo que eu tenho pra vida.
Desde criança eu sempre espero o pior (até quando espero o melhor). Nunca acreditei nesse negócio de "vai passar", até porque pra mim a única coisa que passa é o ferro de passar roupa.
Sempre me senti deslocada, como se eu não pertencesse a lugar nenhum. Como se o meu corpo fosse uma daquelas roupas desconfortáveis que somos obrigados a usar em algumas cerimonias (tipo bodas de ouro da nossa tia-avó). Só que eu não podia tirar essa roupa quando chegasse em casa.
Passei a maior parte da vida tropeçando nas pessoas, nos lugares, nas calçadas, em mim mesma.
De alguma forma, talvez eu estivesse sendo preparada pra alguma coisa. Talvez eu estivesse sendo preparada pra lidar com alguma experiência super traumática, do tipo ser assassinada pela minha mãe.
Mas com o passar do tempo, percebi que não era nada disso. Que não era nada de nada, na verdade.
Acho que percebi isso quando você tropeçou em mim. Repetindo, não fui eu que tropecei em você. VOCÊ tropeçou em MIM.
E derramou café na minha blusa preferida.
E quando for limpar, acabou rasgando um pedaço.
Depois descobri que isso foi um acontecimento muito raro, que você não fazia esse tipo de coisa. Tropeçar? Só se fosse em uma nota de cem reais.
Acho que eu fui sua nota de cem reais.
Enfim, sem enrolação, só queria dizer que mesmo que o tempo tenha feito nós dois tropeçarmos em direções diferentes, eu me sinto feliz por você ter derramado café em mim.
Café com uva passa parece ser uma combinação muito grotesca, mas essa deu certo.
E então eu entendi. Entendi o que eu estava esperando entender.
Entendi que eu não tô sendo preparada pra nada, que a minha mãe não vai me assassinar, que não sou a ovelha negra do mundo, que não preciso andar com uma placa na testa com os dizeres "NÃO ALIMENTE. CUIDADO".
Entendi que a vida pode ser doce e que algumas pessoas amam uva passa (sério).
E entendi que se as coisas estiverem muito amargas, é só esperar um pouco que alguém vai acabar derramando café na sua blusa preferida. Alguém vai acabar te encontrando na rua, te colocando no bolso e te levando pra casa.
Talvez fazer uma farofa.
Mas peraí.
Com ou sem uva passa?"
nádia
domingo, 2 de dezembro de 2012
"Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo."
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo."
“Sempre fui de me doar. Ouvia, ajudava, consolava, me importava. E não foram poucas as vezes que, mesmo em segredo, eu deixava de pensar na minha vida pra ajudar os outros. Em segredo, explico, porque não acho que preciso de medalhas, prêmios ou troféus. Se eu faço, é de coração, sem esperar reconhecimento do outro. Mas, perdão, eu sou humana e sinto. O mínimo que a gente espera é gratidão. Aprendi que ela nem sempre aparece. Aprendi que às vezes as pessoas acham que o que a gente faz é pouco. Por tanto aprendizado, acabei descobrindo que é melhor eu cuidar mais da minha vida e menos da dos outros. Não quero morrer santo, quero morrer feliz.”
"Pai, mãe, avós, irmãos, primos, cachorros de estimação, peixes de aquário, amigos de alma, amigos de boteco, ou até mesmo a própria solidão. O que define o que é família ou não, não é a consangüinidade, mas sim a predisposição de quem quer ficar do seu lado, cuidar de você e querer te ver feliz, acima de tudo."
sábado, 1 de dezembro de 2012
"Aí, basta um pio e eu largo tudo apitando, pondo a razão a perder. O valor do meu silêncio é inversamente proporcional pra nós dois. O centavo que te faz voltar é o ouro que me compra. Os hematomas nas minhas coxas, ombros e calcanhares são todos culpa minha, apesar das suas impressões digitais. Não se engane, fosse uma surra física seria tão mais fácil, mas não, são apenas brincadeiras de mau gosto. Tapas, mordidas e vergões são suas marcas registradas mostrando que meu coração vazio é meramente ilustrativo."
Gabito Nunes
Gabito Nunes
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